terça-feira, 9 de julho de 2013

Os dias que mudaram a história da pátria amada Brasil



Nem “Abaixo a Ditadura”, nem “Diretas Já”, nem “Fora Collor”. Nenhuma outra mobilização popular da história do Brasil, pode ser igualada ao que assistimos nas últimas semanas em mais de 100 cidades de norte a sul do país. Os parâmetros comparativos anteriores foram derrubados pelo abismo que se abriu entre o povo mobilizado, o governo acuado e as instituições perplexas. O Brasil foi notícia no mundo, não só pela força do seu futebol, mas pela voz que se levantou nas ruas e foi ouvida por todo o planeta.

O choque maior foi perceber que o movimento que começou pela redução no preço das passagens de ônibus, terminou numa catarse anárquica que espelha uma insatisfação, total, profunda e generalizada do povo brasileiro com os seus líderes políticos e as instituições que estão no poder. Um poder que se diz democrático e popular, mas que está muito distante dos anseios de uma sociedade que quer mais saúde, educação e segurança, só para citar alguns exemplos. Uma geração que exige dignidade, moral, coerência, ética e vergonha na cara. E que não aceita mais mensaleiros como integrantes da Comissão de Ética, aumentos de gastos para manter a ilha da fantasia chamada Brasília, política econômica desastrosa, volta da inflação, corrupção, tragédia na Boate Kiss, escândalos do Enem, caos aéreo, estádios bilionários e o Renan Calheiros, com a benção do PT, voltando a comandar um Congresso que se acostumou a trabalhar de costas para a sociedade.

Mas apesar de todas as reivindicações legítimas da população, o que não se pode admitir são os abusos do poder policial e nem a violência escondida atrás de máscaras de vândalos e criminosos que só querem propagar o ódio, no meio de manifestações pacíficas. 
É triste e assustador ver a ação de pichadores e baderneiros que invadem prédios, quebram lojas, saqueiam, incendeiam e só promovem o caos. Esses anarquistas não estão lutando por um governo melhor, e sim, por governo nenhum. Isto é uma grande estupidez. 
Quando vemos, por exemplo, os comerciantes e moradores do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, se armando com paus e pedras para impedir que os criminosos invadissem as lojas, concluímos que intolerância é fascismo. Tanto de um lado como do outro. 
E sabe qual foi o resultado dessa massa humana fazendo a história em movimento? Podemos afirmar com orgulho e esperança que o grito das ruas acordou três poderes, obrigando-os a saírem das sombras em busca da sobrevivência. O passe livre virou passo livre. A adrenalina tomou conta dos jovens, conectados pelas redes sociais e em busca de uma causa. Também acordou uma sociedade sem voz e à margem do processo político, após anos de pasmaceira e populismo.


Porém, como cidadão e parlamentar consciente da minha missão, tenho a obrigação de alertar sobre o golpe da consulta popular que o PT está tentando aplicar no Brasil. Sob o verniz da democracia, e o argumento de pôr fim à corrupção, o governo federal quer já para as eleições de 2014, aprovar o financiamento de campanha, exclusivamente com o dinheiro público, dentro do pacote da Reforma Política. 

Na prática isso é o seguinte: pedir mais dinheiro ao povo para dar aos caciques políticos; garantir que só o PT fique com quase 70% desta verba por ter a maior bancada na Câmara Federal; manter recursos suficientes para a sua perpetuação no poder, e, de quebra, desviar o foco das manifestações. Uma malandragem oportunista e (quase) perfeita. 
Pois, para votar bem num plebiscito destes e entender de verdade o que é voto distrital misto, lista fechada, cláusula de barreira e coligação na proporcional, o eleitor precisaria fazer um curso de Direito Constitucional. Por isso, precisamos dizer não a esta farsa!
Os brasileiros não clamam por reforma política e sim pela reforma ética dos políticos. Com essa manobra feita às pressas, o PT está tentando ganhar tempo e serenar a fúria de um fenômeno social de massa. A presidente Dilma foi à televisão dizer que estava ouvindo a voz das ruas. Esperamos, todos, que ela esteja também entendendo o que está sendo dito.


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