quarta-feira, 18 de julho de 2007

Artigo


Mais que o acaso


Tempo de tristeza. É inadmissível mais um desastre na aviação do País. A notícia da queda do Airbus 320 da TAM, com 186 pessoas e que fazia o vôo JJ 3054, de Porto Alegre a Congonhas (SP), instalou entre nós um clima de desespero. Um drama para o povo gaúcho, a maior tragédia da história da aviação brasileira.

Entre os mortos, muito mais que representantes de empresas, da política, do esporte, amigos, desconhecidos e tripulantes. Estes sim, vítimas sem culpa, inocentes. Uma comoção generalizada para todos os brasileiros e a permanente dúvida de quando serão resolvidos todos os problemas no caótico sistema aéreo brasileiro.

Repito, inadmissível. Há informações de que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tenha determinado a suspensão de operações quando houvesse acúmulo de pelo menos três milímetros de água nas pistas. "O acidente foi uma tragédia anunciada", como afirmou o coordenador de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, comandante Carlos Camacho. Como é possível uma reforma na pista ser entregue incompleta, sem as ranhuras que garantiriam o escoamento da água e a maior aderência dos pneus no solo. Lamentavelmente, antes do acidente, chovia forte em São Paulo.

Fomos dormir angustiados (se é que dormimos), e acordamos mais angustiados ainda. Poderia ter sido apenas um pesadelo. Mas a constatação, não foi. Depois da "partida" do vôo JJ 3054, a rotina de decolagens continua aos destinos, carregada da dúvida de mais um erro.

Duas tragédias aéreas em um ano, centenas de mortos e nenhuma solução. Agonia, sufoco, impotência. Ao menos se fossem apenas os atrasos ou a inconstância meteorológica. Não. A chuva, sim, é de incertezas sobre o caos aéreo. A neblina, recobre a solução que os brasileiros procuram desde 29 de setembro do ano passado, com a também trágica queda do vôo 1907, da GOL. E a tempestade é de lágrimas das famílias e amigos das vítimas deste acidente que deixa de ser mero acaso.